terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Escravos do Tempo


Cada vez que repetia a pergunta “Que horas são?” menos lhe parecia uma frase e mais um som. Os pulsos sangravam e a garganta doía por causa das correntes que ele próprio forjara para o aprisionar à sua criação. Eu bem queria salvá-lo, mas também eu precisava de ser salvo. Primeiro teria de questionar-me quanto à necessidade de me libertar dessa prisão. Ele já sabia todas as respostas. “Respostas fáceis”, dizia. Debatia-se antes com a questão onde residia o sentido da vida: “Dominamos o tempo ou somos dominados por ele?” Morreu no dia a seguir a ter descoberto a verdade.


Raúl Fermoselle 11ºB

2 comentários:

CL disse...

O tempo, esse eterno viajante em nós...

Bom texto!

Carlos Lopes

CL disse...

Muito bom texto, mas é realmente a imagem que me vai ficar na memória.

Modernos ou ultrapassados, do primeiro ao último, acho que todos os relógios sempre nos escravizarão.