
Gato que brincas na rua sem Pessoa
sem Destino e com certezas,
que pensas quando da janela atravessas o mundo
e nos lanças no engano da posse sempre absurda?
Gato dos nossos telhados de vidro.
Fantasma, vate da verdade que de ouvidos trancados
encerramos em armários de fechaduras partidas.
Gato que dormes em casa.
Que arranhas sorrisos
na minha pele distraída,
e que de soslaio acusas a liberdade negada.
Gato da poesia de papel e das telas cubistas.
És miado em inúmeras tintas e letras
e restamos rendidos a uma mera aproximação.
Venceste, dormindo enrolado nos sofás da rua da minha casa.
Gato que te acusam de nunca teres existido...
Volta para mim.
Susana Mateus